
De forma generalizada, os projetos receberam notas muito abaixo da pontuação mínima exigida, mesmo em critérios mais objetivos. Um exemplo é o critério de aplicabilidade, definido no edital como: “refere-se à capacidade da marca de ser usada de forma eficaz e consistente em diferentes contextos e meios, mantendo a identidade e impacto.”
Ainda assim, muitas propostas tecnicamente sólidas receberam entre 20% e 40% da nota máxima nesse critério, apesar de apresentarem marcas perfeitamente aplicáveis em diferentes dimensões, como plataformas digitais e materiais impressos, sem qualquer prejuízo à identidade visual.
Como o CAU/BR justifica penalizações tão severas em um número tão grande de trabalhos?
Foram, ao todo, 708 inscrições, e apenas 5 propostas atingiram a nota mínima de 70 pontos — menos de 1% dos participantes. Considerando o nível técnico de muitos concorrentes e o fato de o edital prever 10 vagas para semifinalistas, esse resultado soa alarmante diante da amplitude de uma chamada nacional.
Como o CAU/BR justifica tamanha disparidade?
Há dúvidas legítimas sobre se todos os jurados compreenderam integralmente o modelo de avaliação estabelecido. Os candidatos observaram um padrão recorrente de notas reduzidas, indicando que, talvez, os critérios de pontuação — que deveriam ser de 0 a 20 por item — não tenham sido corretamente aplicados.
Em grande parte dos trabalhos que tivemos acesso, nenhum critério ultrapassou a marca de 10 pontos, o que sugere que os avaliadores possivelmente não foram informados adequadamente sobre a amplitude da escala. Além disso, também foi observado que não houve grande disparidade de notas entre manuais incompletos e manuais que seguiram à risca todos os itens estabelecidos no edital.
Diante desses fatos, é inevitável questionar: o CAU/BR ofereceu orientação suficiente? Houve preparo e alinhamento entre a comissão avaliadora e o edital? Todos os jurados foram conscientizados que cada critério valia de 0 a 20?
O número de propostas recebidas claramente superou as expectativas do CAU/BR. A comissão julgadora foi formada por 8 duplas multidisciplinares (compostas por titulares e suplentes), que, em tese, deveriam avaliar todos os 715 projetos — garantindo uma análise justa, feita por profissionais de diferentes áreas.
Mesmo supondo que cada dupla dividisse as tarefas internamente, isso ainda exigiria a leitura e a avaliação de cerca de 5,5 manuais por dia, ao longo de 65 dias (de 18/03 a 20/05), sem pausas nos finais de semana e sem qualquer tipo de remuneração. Uma carga considerável para um trabalho voluntário e técnico.
Alia-se a isso o fato de que candidatos tiveram sua nota final somada de forma incorreta. Portanto, questionamos: quantos jurados avaliaram cada projeto? Cada jurado teve acesso adequado aos manuais de identidade? Houve tempo hábil e divisão justa para cada avaliação? Qual foi a plataforma ou sistema utilizado? Como se deu o processo de inserção das notas dos jurados? Por que houve erros na soma de algumas notas finais?
As datas previstas para a auditoria e a divulgação das notas foram adiadas quatro vezes, resultando em um atraso total de mais de três meses. Embora o edital previsse possíveis alterações no cronograma, os sucessivos adiamentos geraram dúvidas e receio entre os participantes.
Afinal, houve falta de organização por parte do CAU/BR? A comissão julgadora enfrentou dificuldades para avaliar todos os manuais de forma justa e equitativa? Houve tempo e número de jurados suficientes para isso?
É fundamental que o CAU/BR se manifeste sobre o desfecho inesperado dessa primeira etapa.
Se apenas 0,7% dos participantes atingiram nota mínima, como a instituição interpreta esse dado? Isso era esperado? Houve algum questionamento interno sobre esse desequilíbrio?
Que o CAU/BR nos forneça respostas concretas e plausíveis sobre todos os pontos e questionamentos aqui levantados. Os participantes e a sociedade merecem um pronunciamento oficial a respeito!
| # | Nome | Profissão | Projeto |
|---|---|---|---|
| 1 | Henrique Cardoso Isoppo | Designer | |
| 2 | Beatriz Firmina Santos Diniz Martins | Designer | |
| 3 | Flávio Dantas de Oliveira Lopes | Arquiteto | |
| 4 | Jorge Aguiar | Designer | |
| 5 | Anselmo Mendo | Designer | |
| 6 | Gerson D'Ornellas | Designer | |
| 7 | Alexandre Facuri | Designer | Link externo - Google Drive |
| 8 | Anndrei Bettanzo | Designer | Link externo - Behance |
| 9 | Bruno Alves da Silva | Membro da sociedade | |
| 10 | Tiago Kühn Lo Prete | Designer | |
| 11 | Pedro Maciel | Designer | Link externo - Google Drive |
| 12 | Felipe Nodier Gêda Cavalcanti | Designer | Link externo - Behance |
| 13 | João Vellozo | Designer | |
| 14 | Wilk Torres | Arquiteto | |
| 15 | Andressa Gonçalves | Arquiteta |